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Inteligência artificial redefine o jornalismo: avanços, riscos e a nova rotina das redações

  • Foto do escritor: Abner Oliveira
    Abner Oliveira
  • há 6 horas
  • 2 min de leitura

Imagem criada com IA
Imagem criada com inteligência artificial

As redações estão mudando – e quem está no centro dessa transformação é a inteligência artificial (IA). De ferramentas que produzem automaticamente textos a sistemas que identificam fake news em tempo real, a IA vem ganhando espaço no jornalismo e provocando debates sobre o futuro da profissão.


A Associated Press, uma das maiores agências de notícias do mundo, utiliza desde 2014 algoritmos desenvolvidos pela empresa Automated Insights para redigir notas sobre balanços financeiros. Com isso, a produção de conteúdo aumentou e os jornalistas passaram a se dedicar a matérias mais analíticas.


No Brasil, a plataforma Radar Aos Fatos emprega IA para monitorar redes sociais e identificar padrões de desinformação. O projeto, apoiado pela Google News Initiative, utiliza machine learning para sinalizar conteúdos potencialmente enganosos, otimizando o processo de checagem de fatos.


Para o pesquisador Nicholas Diakopoulos, autor do livro Automating the News, o uso da IA pode beneficiar o jornalismo desde que esteja sob supervisão editorial. “Algoritmos podem ser úteis na triagem de dados e sugestão de pautas, mas é o jornalista quem deve tomar as decisões finais”, afirma.


Entretanto, os desafios são evidentes. O viés algorítmico é um dos principais riscos: sistemas treinados com dados parciais tendem a replicar preconceitos e distorcer a realidade. Outro problema é a superficialidade de textos automatizados, que podem carecer de contexto, sensibilidade ou apuração rigorosa.


A IA não vai substituir o jornalista. Mas o jornalista que não entender como a IA funciona poderá ser ultrapassado. A formação dos profissionais deve incluir ética digital, análise de dados e compreensão de algoritmos.


Outro uso crescente da IA está na personalização de conteúdo. Grandes portais analisam o comportamento dos leitores – como cliques, tempo de leitura e preferências – para entregar matérias segmentadas. Essa prática aumenta o engajamento, mas também aprofunda a chamada “bolha informativa”, limitando a diversidade de fontes acessadas pelo leitor.


Durante a cobertura das eleições de 2022 no Brasil, o Aos Fatos utilizou IA para rastrear falas de candidatos e confrontá-las com bancos de dados públicos. A velocidade da campanha digital tornou esse tipo de recurso essencial para o jornalismo de verificação.


Apesar de seus riscos, a IA tem o potencial de ampliar o alcance do jornalismo e torná-lo mais eficiente. Ferramentas de transcrição automática como Trint, criação de textos como Wordsmith e análise de métricas como Chartbeat já estão presentes em muitas redações do mundo.


Segundo o relatório Journalism, Media, and Technology Trends and Predictions 2024, do Reuters Institute, muitos líderes de redação estão investindo em inteligência artificial para automatizar tarefas como transcrição, edição e otimização de manchetes. O documento aponta que 56% dos executivos de mídia veem a adoção de IA nessas funções como uma estratégia central para tornar a produção jornalística mais eficiente.


O futuro do jornalismo com IA dependerá de escolhas éticas e editoriais conscientes. Usada com responsabilidade, a tecnologia pode fortalecer a missão de informar com precisão e rapidez. Mas, aplicada de forma acrítica ou como substituto do trabalho humano, corre-se o risco de comprometer a integridade da informação.


Em meio à transformação digital, uma certeza permanece:

O jornalismo continua essencial para a democracia.

Agora, com algoritmos ao seu lado – e com os jornalistas ainda no comando.


 
 
 

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